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Andre Santos

ANTÍPODAS - traz algumas narrações de Francisco Orellana: um álbum conceitual de MIASTHENIA


Nacional

Mutilation Records

Sempre muito prazeroso termos em mãos trabalhos tão maravilhosos a nossa disposição, sabemos o quanto é difícil para uma banda de Metal brasileiro perpetuar por longos anos de carreira, ainda mais ao gênero do Black Metal, que às vezes é mal compreendido por alguns Metalheads. No caso da banda Miasthenia, formada em Brasília há vinte e três anos atrás, teve uma certa resistência dentro do próprio gênero, mas conforme os projetos da banda foi ganhando renome, foi ganhando o respeito dentro da vertente extrema do Metal.

A banda faz parte do movimento Levante do Metal Nativo, essas bandas presentes têm a responsabilidade de levar adiante o legado cultural da América Latina.

A banda vem um pouco na contra mão do que estamos acostumados escutar dentro do Black Metal, pois o Miasthenia tem uma grande preocupação de apresentar as raízes pagãs pré - colombianas em seus projetos líricos, cantadas em nossa língua pátria, dando uma dinâmica melhor e tornando suas audições e mensagens mais acessíveis.

Antípodas é seu quinto álbum de estúdio, e vem como o sucessor do excelente Legados do Inframundo. Neste registro já demonstrava o quanto a banda se encontrava madura, mas o Antípodas é a prova de quanto a banda tem a oferecer ao Metal Nacional, e, de uma forma natural atinge o auge de criação, o nível está bem nivelado, as melodias adicionadas trás uma dose extra ao seu som (cortesia e influências do Metal tradicional presentes nos arranjos das guitarras), mas sem deixar que sua sonoridade não soe menos intensa e soturna.

O projeto contou com o veterano Caio Cortesini da Dynahead, que também fez masterização e mixagem, tudo no BroadBand Studio, em Brasília. Já a arte é assinada por Marcio Menezes da Blasphemator Art. Layout e encartes de Slanderer Crowley. Tudo em uma digipack lindíssima, com direito a contraste em relevo na capa.

O pacote em si de Antípodas, são oito canções, que segundo o Miasthenia, oitenta por cento das composições se refere as Amazonas (guerreiras indígenas). O porque deste álbum soar tão bem, e receber notas como um dos melhores do ano de 2017,não só pelo de fato da pesquisa de campo de Hécate, (tecladista e vocal da banda), formada em Doutorado, e história. Ela trouxe à tona as histórias de colonizadores pela América Latina, mas sim, todo o conjunto presente no projeto, desde sua montagem lírica e arranjos, o tornou um dos mais excelentes álbuns da Cultura Pagã/Black Metal.

Pois são as questões líricas e o desenvolvimento do trio fica evidente que as composições primam a perfeição das canções como: “Ymaguaré”, que trás um bela e grandiosa introdução de corais indígenas abrindo o caminho para a próxima canção “Novus Orbis Profanus”, sua introdução é excelente, as partes harmônicas são envolventes de melodias que puxam para dentro de toda mística (a mesma fala do caminho de Eldorado).

“Coniupuyana”, tem um andamento mais ríspido em sua instrumentação, mas horas em partes cadenciados. A próxima faixa é a título do álbum, “Antípodas”, suas linhas são repletas de melodias que se conversam em todo o seu contexto, fora o jogo de vozes aplicadas na canção, dando um clima bem soturno. Outra que traz toda uma ambientação lírica bem montada nas harmonias é a “Ossário”.

Em seguida, temos mais uma bela interpretação, a faixa “1542”, traz uma montagem lírica maravilhosa, o teclado e guitarra se conversam em melodias, fora a bateria ditando o peso certo, e centrado nas notas e cercando os timbres presentes. A sua sétima faixa vem por “Araka’e”, a mesma soa bem agressiva, mas o groove está bem evidente no andamento da canção, fora alguns instrumentos de percussão presentes dando um clima atmosférico bem legal a interpretação. E para fecharmos o pacote, temos a faixa “Bestiário Humanos”, a mesma trás um clima bem soturno, sua introdução é gélida e sombria, que logo ganha toda acidez de riffs cortantes, horas acompanhado por um ótimo arranjo nos teclados, a canção tem solo bem rasgado, e novamente o jogo de vozes estão presentes dando um ótimo clima ao fechamento do álbum.

Sem dúvidas a banda Miasthenia, trouxe um grande álbum para o Metal Nacional, isso já demonstra o quanto a banda tem a oferecer a nós apreciadores da música extrema. Não é átoa que banda recebeu a posição de um dos melhores álbuns de 2017. Com certeza uma das verdadeiras obra prima do Metal Brasileiro, para que precisamos de gringos? Nosso Metal vem se tornando muito superior ao deles. PARABÉNS Miasthenia.

Tracklist:

1.Ymaguaré

2.Novus Orbis Profanum

3.Coniupuyaras

4.Antípodas

5.Ossário

6.1542

7.Araka’e

8.Bestiário Humanos

Miasthenia:

Hécate – vocal e teclados

Thormianak – guitarras

Nygrom - bateria

Contatos:

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