Nascida em 2013 a banda Final Disaster já é um nome recorrente no meio metálico, com seu som moderno, caracterizado por muito peso e melodias cativantes, a banda tem sido um colírio aos olhos durante a sua progressiva e significativa carreira. Batemos um papo com o vocalista Kito Vallim e o resultado você confere a seguir.
Metal no Papel: Se não me engano você formou o Final Disaster quando também atuava como baixista da HellArise, qual foi o motivador de partir para um novo projeto em um momento que a banda estava crescendo e fazendo seu nome junto aos apreciadores do estilo?
Kito Vallim: Oficialmente, eu fundei o Final Disaster uns dois ou três meses antes de entrar na HellArise, eu tocava hard rock e estava cansado disso, queria tocar metal, então criei uma banda de metal. Pouco depois surgiu o convite para tocar na HellArise, que estava a todo vapor, gravando EP, vídeo clipe, fazendo shows, exigindo toda a minha atenção. Isso acarretou num adiamento de planos para o Final Disaster.
Então acho que o maior motivador para o Final Disaster sair de vez do papel foi, na verdade, a minha teimosia de querer levar para frente algo que ainda estava em estágio embrionário. Mas também amo cantar e gosto de explorar coisas novas, então como o som do Final Disaster é completamente diferente do que eu estava fazendo com a HellArise, para mim, fazia sentido investir nas duas bandas.
MNP: Chama a atenção o fato do Final Disaster partir para sua criação lírica com a temática de filmes e contos de terror, além de uma mistura muito bem construída de vários elementos do heavy Metal, essa sempre foi a ideia ou essa característica nasceu em estúdio, com a junção das ideias de todos?
Kito: A temática nasceu junto com o Final Disaster. Desde o começo, sempre quis falar sobre filmes de terror, livros de terror, jogos de terror. É uma paixão minha desde muito pequeno, então o Final Disaster nasceu com essa ideia.
Quanto a parte sonora, sempre busquei, dentro do possível, trabalhar de uma forma que fuja do maior número possível de clichês, sem se apegar a regras pré-determinadas ou sub-gêneros de Metal, então, a partir do momento que temos seis pessoas com influências completamente diferentes trabalhando nas músicas com esse direcionamento bem absorvido, o resto surgiu naturalmente e criamos esse “monstro” que às pessoas tem dificuldade de rotular e que nós chamamos de Horror Metal.
MNP: Noto também que existe uma forte tendência a explorar a psique humana, com seus medos conscientes e inconscientes, existe essa preocupação na hora de retratar suas letras?
Kito: As letras tratam de pontos de vistas pessoais e reflexões internas sobre obras de terror, sejam filmes, livros, games, séries, etc. A gente não descreve eventos ocorridos, a gente dá um ponto de vista sobre como aquilo fez a gente se sentir, nossas reações, efeitos psicológicos. Eu acho que faz mais sentido escrever uma letra dessa forma, quase que um desabafo sobre alguma situação. E fica muito mais fácil quando o tema é o horror porque quando somos expostos ao horror, mostramos o lado mais obscuro da nossa mente, mostramos quem realmente somos.
Então nunca nos preocupamos em explorar a psique humana, sempre surgiu naturalmente. O ambiente é muito favorável.
Agora, com um álbum conceitual a caminho, tivemos que levar todo esse conceito a um novo nível para manter esse lado mais íntimo das músicas sem descaracterizar a história que estamos contando.
MNP: Em 2014 vocês lançaram a demo “Another Victim” e em seguida o single “Finis Hominis”, que foram a porta de entrada para o EP “The Darkest Path”, como foi a aceitação desses trabalhos junto ao público?
Kito: Para uma banda que estava começando, foram muito bem aceitas. Muito mesmo!
Não foi uma repercussão estrondosa, mas tivemos diversos feedbacks excelentes. Também foram músicas gravadas em períodos conturbadas para a formação da banda. Logo após gravarmos “Finis Hominis” encontramos a formação que se solidificaria para a gravação do EP. Foram primeiros passos extremamente importantes para a banda.
MNP: Desse trabalho saíram excelentes vídeo clipes, para “Beware The Children” e “The Dark Passenger”, você acha que nos dias atuais esse formato se torna essencial? Você pretendem apostar na produção de mais vídeos para o futuro trabalho?
Kito: Gosto muito do resultado final dos dois vídeos! O EP ainda gerou o lyric video para "This Is The End" e o curta metragem de "Oblivion". Hoje em dia é essencial trabalhar audiovisualmente para se manter vivo e relevante no cenário. Também é importante inovar, por isso estamos sempre buscando alguma forma de fazer as coisas de maneira diferente.
Além disso, o horror é um gênero muito visual em alguns aspectos, então é muito coerente que trabalhemos dessa forma.
E, respondendo à sua pergunta, sim, já lançamos o Video para "Another Victim" e o Lyric de "Dark Delight", então vamos trabalhar cada vez mais com vídeos para nossas músicas, temos muita história para contar de diferentes maneiras!
MNP: O que podemos esperar desse novo trabalho conceitual da Final Disaster?
Kito: Bom, é meio clichê, mas estamos nos sentindo muito mais maduros conforme o tempo vai passando, então o álbum está soando muito mais coeso do que os trabalhos anteriores.
Musicalmente, está bem pesado e com arranjos complexos, mas não somos uma banda de prog. Nossas influências são naturalmente muito variadas então vai ser possível ver um pouco da mente de cada integrante nas músicas.
A história que estamos desenvolvendo é bem complexa, cheia de plot twists e acho que muitas pessoas vão se interessar em entrar na mente do personagem principal para compreender melhor o que está acontecendo
Já lançamos 4 músicas desse álbum que contam o que chamamos de "1o ato" da história, em que a dualidade do protagonista vai sendo apresentada com uma faceta assassina e outra não e isso é muito representado nos duetos de vozes entre eu e a Deborah.
As músicas seguintes serão liberadas com trabalhos de video clipes e outras surpresas que vamos anunciar em mais para frente!
MNP: Você tem intenção de fazer algo como no curta “Oblivion”?
Kito: Sim! Estamos estudando e avaliando ainda como será feito, porque o curta Oblivion é, de certa forma, o início da história do álbum, o filme inicia o ciclo, então creio que sim, seria coerente fazermos um curta, mas queremos sempre nos reinventar, então estamos analisando uma maneira diferente de fazer.
MNP: Eu não poderia deixar de perguntar sobre o atual momento que vivemos, com todas as suas adversidades. Como vem sendo tudo isso para você, pessoalmente?
Kito: Pessoalmente, tive muitas dificuldades de me adaptar no início, mudar a forma de agir, raciocinar, administrar as coisas. Foram momentos de muita angústia, mas acredito que a vida "normal" é um pouco assim, apenas fomos retirados do contexto em que estamos acostumados e inseridos em outro. E com essa mudança, nos preocupamos mais em observar as diferenças entre eles, o que gerou essa dificuldade. Quando paramos para vislumbrar o que não mudou, as coisas começam a se encaixar e comigo foi assim. E acredito que quem estiver esperando as coisas "voltarem ao normal" vai ter problemas em se adaptar quando tudo isso tiver passado, o mundo pré-pandemia não existe mais. Então estou focado em fazer o que eu preciso fazer, me dedicar à música e aproveitar o que eu puder aproveitar.
MNP: Muito obrigado pela entrevista, agora o espaço é seu para suas considerações e deixar uma mensagem aos nossos leitores.
Kito: Eu queria agradecer demais o MNP pelo espaço! Muito obrigado de verdade! É muito importante termos esse tipo de mídia para as bandas independentes, ainda mais na qualidade com a qual vocês trabalham! Quero convidar os leitores a nos acompanharem nas redes sociais, temos lançado vídeos semanais no youtube, faceboook e instagram, preparando novidades para o período de quarentena e, em breve, vamos lançar nosso full, novo merchan e, em breve, anunciar shows. Então fiquem ligados nas novidades e continuem apoiando as bandas underground!
Muito obrigado pelo espaço, MNP e muito obrigado a todos que nos acompanham!
Formação:
Kito Vallim - vocal
Deborah Klaussner - vocal
Rodrigo Alves - guitarra
Daniel Crivello - guitarra
Felipe Kbça - baixo
Bruno Garcia - bateria
Contatos:
Comentários