Com vários sucessos de vendas e de crítica, como os clássicos ‘Thick as a Brick’ (1972), ‘A Passion Play’ (1973) ou ‘Aqualung’ (1971), o Jethro Tull retornou à São Paulo com a RÖKFLÖTE TOUR, no último sábado, 13 de abril, para um grande apresentação no Vibra.
A mítica banda inglesa promove o último álbum 'RökFlöte', lançado há um ano, e sucedendo ‘The Zealot Gene’ (2022), - primeiro álbum de inéditas em 18 anos. Mas o repertório passeia por todos os clássicos da carreira, sendo um show que podemos chamar de Greatest Hits. Na verdade, este é um show que estava marcado há quatro anos e devido à pandemia da COVID-19, só pode acontecer nesta data. Nesta turnê, Ian Anderson estará acompanhado pelos músicos David Goodier (baixo), John O'Hara (teclados), Scott Hammond (bateria) e Jack Clark, guitarritsa mais novo da banda que susbtitui Joe Parrish-James.
A ansiedade do público, fãs de progressivo, por presenciar novamente um bom show, os olhares de emoção com um misto de paixão pelo artista que estava a se apresentar e a sensação de estar curtindo um show. O Vibra recebeu o público, que lotou a casa, com todo acolhimento e uma ótima estrutura de iluminação, já o som deixou um pouco a desejar, com algumas falhas técnicas, pois as vozes em si aparentavam não estar das mais bem equalizadas - o que é um crime em um show com tal porte. Por vezes a voz de Ian Anderson era inaudível, enquanto os backing vocals dominavam e engoliam a voz do velho Ian.
O público ovacionou quando a banda, liderada por Ian Anderson, subiu ao palco. Anderson continua sendo um romântico incrível, um flautista incrível e um frontman incansável. O show foi dividido em duas partes, como de costume do Jethro Tull, e o que chamou atenção foi a severa proibição de filmar ou fotografar o show. Depois do Placebo ganhar a mídia com sua proibição de uso dos celulares, agora foi Jethro Tull decidir retornar à época em que não existiam celulares e a necessidade do público passar o show todo filmando - o que é uma experiência interessante. O fato não evitou de algumas pessoas burlarem a restrição e render confusão entre seguranças e platéia.
Jethro Tull começa o show com “ My Sunday Feeling”, do álbum ‘A Song for Jeffrey’ (1968). Entre uma canção e outra, Ian Anderson foi contando algumas histórias e mostrando seu senso de humor, arrancando risos e aplausos da plateia, tecendo comentários e lembranças, que serviram de inspiração como "Dark Ages", precedida de uma brincadeira - uma música sobre o fim do mundo, que pode ser "semana que vem... ou talvez na semana seguinte a semana que vem", brincou Ian.
Antes do bis, a banda fez o público ir à loucura com a clássica “Aqualung”, que ganhou uma versão ao vivo diferente da editada no álbum, e foi a canção que recebeu os mais longos e emocionados aplausos. Antes da última música no bis, houve uma mensagem no telão avisando que naquela última música seria permitido filmar, fotografar, eis que o ambiente muda para o qe já estamos acostumados - milhares de celulares no alto. O show terminou com “Locomotive Breath” - outro clássico do álbum 'Aqualung' -, onde o público aplaudiu de pé o grupo.
A faixa etária média do público estava acima dos 40 anos, mas o entusiasmo e emoção era de um público bem mais jovem. Era possível ver a nostalgia nos olhares e a satisfação em acompanhar uma banda com tantos anos de carreira, pois Jethro Tull criou sua identidade, onde todos conhecem sua famosa flauta, que é uma das atrações principais. O show foi morno, sem muita empolgação por parte do público, talvez seja porque grande parte não conhecia todas as canções - já que é um setlist para quem realmente acompanha a banda.
Em Maio de 2020, Ian Anderson revelou sofrer de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), doença que foi diagnosticada há dois anos, mas nem isso e nem a idade, que já são 74 anos, impede o grande artista de fazer o que gosta e entregar ao público um show memorável.
Com uma discografia que se espraia por cerca de duas dezenas de álbuns originais e que recua até 1968, os Jethro Tull de Ian Anderson são uma verdadeira instituição do rock britânico, tendo ao longo da sua extensa carreira tocando vários dos estilos, do blues-rock ao jazz de fusão, cruzando mais tarde a folk, o heavy e até a música clássica para criarem a sua própria visão do que ficou conhecido como rock progressivo ou rock sinfónico, corrente de que são um dos expoentes. Este é um show que todo fã de música deve ver pelo menos uma vez nada vida.
Setlist:
Set 1:
My Sunday Feeling We Used to Know
Heavy Horses
Weathercock
Roots to Branches
Holly Herald
Wolf Unchained
Mine Is the Mountain
Bourrée in E minor (Johann Sebastian Bach cover)
Set 2:
Farm on the Freeway
The Navigators
Warm Sporran
Mrs Tibbets
Dark Ages
Aquadiddley
Aqualung
Encore:
Locomotive Breath
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